sexta-feira, 30 de março de 2007

NO JORNAL FONTE NOVA




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In: Jornal Fonte Nova
Nº 1443 - Ano XXIII
31 de Março de 2007
Página 19

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AQUILINO, SALAZAR, SOARES E UM OUTRO



Os jornais, as rádios e as televisões atribuíram pouca ou nenhuma importância à notícia segundo a qual os restos mortais de Aquilino Ribeiro serão trasladados para o Panteão Nacional. Aquilino é o maior prosador do século XX português e emparceira com os mestres Bernardes, Vieira, Francisco Manuel de Melo, Camilo.

É a súmula de uma cultura: não deixou discípulos, apenas epígonos, e leitores entusiastas. Tal qual os atrás referidos. E associou a acção ao pensamento, pegando em armas e fabricando bombas contra o opressor. Inimigo de Salazar, foi por este indicado a um jornalista francês: Vá falar com ele. É adversário do regime, mas é o maior escritor português vivo.

Convivi com o grande escritor: frequentei-lhe a casa; com ele e outros, seus convidados, almocei na Soutosa, dia inesquecível; sou amigo de longa data do filho Aquilino Ribeiro Machado, e da família deste; e conservo dele a afectuosa memória que o tempo não esmoreceu nem turvou.


O autor de A Casa Grande de Romarigães foi, um dia, acusado de injúrias à magistratura, num romance, Quando os Lobos Uivam, e indiciado como réu. O prefácio ao livro é um terrível requisitório contra a farsa da Justiça. Aquilino recusava-se a pagar os 50 contos da caução. De contrário, cadeia. Na manhã do infausto dia, o grande escritor, já adiantado na idade, porém dire
ito como um roble, apareceu no Tribunal da Boa-Hora. Deparou-se-lhe, à entrada, um grupo de amigos: Carlos de Oliveira, Manuel da Fonseca, Alexandre Cabral, Urbano Tavares Rodrigues, eu próprio e alguns mais. Estávamos preparados para tudo; inclusive para defendê-lo a murro e impedir que o atirassem para as masmorras do Aljube. Estamos aqui consigo para o que der e vier, disse-lhe Manuel da Fonseca.

A audácia valia o que valia. Mas era a cumplicidade possível, e a presença do respeito, da amizade e da admiração. Ao ver-nos, Aquilino Ribeiro estremeceu, emocionado. Os olhos brilharam-lhe; acenou, breve, com a cabeça, avançou pelas frias lajes, e nós seguimo-lo. Nesse interim, surgiu Acácio de Gouveia, advogado da Oposição republicana, que transportava os 50 contos. A narrativa deste importante episódio da Resistência pode ser lida no prefácio que Manuel da Fonseca propositadamente escreveu para a edição da Editorial Caminho do seu romance Seara de Vento.


Aquilino reunia-se, habitualmente, com os amigos, numa tertúlia no Café Chiado (onde agora está instalada uma companhia de seguros), e discreteava, com ironia e sarcasmo, sobre literatura, política, e, inevitavelmente, de Salazar. Boatos, historietas e anedotas pertenciam ao falatório. E, certa ocasião, ele disse: Vocês ainda terão o Botas, mesmo depois de morto: vai estar empalhado!

A peripécia emerge na altura em que Salazar ganha, em eleição fraudulenta, num instrutivo programa da RTP, apresentado pela inesquecível Maria Elisa Domingues, o título de maior entre os Grandes Portugueses. Digo fraudulenta e não devia dizer eleição. Explico: como no tempo dele, cada eleitor votou as vezes que lhe deu na veneta, pormenor passível de complacência dado
que se trata de puro entretenimento, no dizer da Maria Elisa Domingues, mas não tão, que possa dispensar o resultado político, e as extrapolações que daí se obtenham.

No entanto, a vitória de Salazar possui os contornos da vitória de Pirro. Mesmo as alegações produzidas em sua defesa, uma delas de que endireitara as finanças correspondem a outra fraude. De facto, foram as Finanças que o endireitaram e mantiveram no Poder. O curto período da Primeira República (dezasseis anos) foi objecto de conjuras, dissídios, conflitos alimentados, financeira e ideologicamente, pelo grande capital, assustado com as reformas radicais, sobretudo durante a época de Afonso Costa, traído, como se sabe, pelo irmão maçon Sidónio Pais, e este entusiasticamente apoiado pelos anarquistas.

A Igreja, e o poder subterrâneo do CADC (Centro Académico de Democracia Cristã), ajudaram ao festim. Salazar é o produto típico de um momento, e sabe converter esse momento numa peculiar reserva histórica. Não é um homem culto: escreve num idioma clássico, contrabandeado, sobretudo, de António Vieira, que chega a plagiar na sintaxe e na locução, sem obter, jamais, a clareza
de pensamento, porque, na verdade, o não tem. O salazarismo não existe. Nem sequer o tardo-salazarismo. É a sombra de um desejo, amamentado, doentiamente, por pequeno grupo de anacrónicos fanáticos. Os mesmos que gastaram muito dinheiro em SMS’s para o empalhado vencer.

O equívoco do programa da RTP consiste nisso mesmo. Talvez pudesse caracterizar um entretenimento, acaso a exposição preliminar tivesse maior consistência, a apresentadora fosse mais informada, menos inculta e mais contida, e os participantes mais bem escolhidos. Marcaram o tempo e sobressaíram pela cultura, pelo empenho, pela veemência, pelo didactismo, pelo registo pedagógico o prof. Rosado Fernandes e o escritor Hélder Macedo.

Não se pode ocultar a malignidade de Salazar. Nem a mediocridade do seu pensamento político. Ele representa o mesquinho na mesquinhez. Invejoso e ressentido, o carimbo do seminário, com todas as repressões afins (incluindo a sexual), inculcou-o numa população supersticiosa, misérrima, faminta, analfabeta e ignorante, dominada pelo arbítrio de uma Igreja bafienta e temível. O ferrete da ignomínia ainda não desapareceu, totalmente, da mentalidade por aí caminhante.

O exemplo mais recente é o da supressão de Mário Soares da lista de convidados do dr. Cavaco para as comemorações dos 50 anos do Tratado de Roma. Goste-se ou não de Soares, critique-se com maior ou menor acrimónia a sua acção como político, a ele se deve a entrada de Portugal no conjunto de países que formam a União Europeia. O actual Chefe do Estado cometeu a proeza de nos dizer, através desta omissão deliberada, que não mudou, não esquece e não perdoa. Afinal de contas não esquece quê?, não perdoa quê? Não esquece que Mário Soares, Presidente da República, fez frente ao autoritarismo, por si exuberantemente provado, quando primeiro-ministro? Não perdoa o facto de Mário Soares ter demonstrado, nas Presidências Abertas, que o primeiro-ministro esbanjava dinheiro a rodos e não acorria aos problemas fundamentais do País?
As declarações proferidas pelo actual Chefe do Estado, justificando as escolhas, são um remendo mal cerzido. Salta aos olhos do menos atento a pequena perfídia, perpetrada, como todas as pequenas perfídias, sem grandeza e sem alma.


PORTUGAL, SEGUNDO ANTÓNIO BARRETO

Na terça-feira, a RTP exibiu um dos mais vigorosos programas a que já assisti: Portugal - Um Retrato Social. O autor, António Barreto, escreveu o texto num idioma admirável, ensinando que se pode ser rigoroso e emotivo, sem nunca deixar de se ser didáctico. A sociologia como jornalismo, e este a beneficiar daquela. Durante uma hora, através de factos e de comparações argumentativas, Barreto apresentou o primeiro capítulo de uma série, certamente destinada a grande êxito. Não oculto nem dissimulo que fui tocado pela forma e pelo conteúdo do trabalho de António Barreto: a ternura com que falou de, e com pessoas, associou-se ao amor manifesto por Portugal. Dilecto: não perca os próximos programas. Vai ter um encontro consigo próprio.

B.B.

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PROFESSORES


Professores titulares versão aprovada em Conselho de Ministros do diploma que vai regulamentar o primeiro concurso para professor titular.

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... PRÍNCIPE DOS LADRÕES


Como já todos sabemos, pelo barulho que o governo fez, o défice este ano, ficou nos 3,9%, sete décimas abaixo do ornamentado. Imediatamente o PSD veio exigir uma baixa de impostos (IVA e IRC), como se tivessem alguma responsabilidade nesses números.
É verdade que eu não concordo com a política liberal deste governo e da Europa, mas para quem a segue, é compreensível que o ministro das finanças tenha vindo defender que ainda era cedo e que só quando o défice estivesse baixo dos 3% exigidos é que isso seria possível.
Imediatamente vieram os berros acusando o governo de eleitoralista e estar a guardar essa baixa para 2009, ano de eleições.
Num pequeno aparte, burros seriam eles se não o fizessem já que são eles que têm a faca e o queijo na mão.
Ou não o faria o PSD?
Basta olhar para as políticas de inaugurações até hoje seguidas para ver que sempre foi e infelizmente sempre continuará a ser.
Mas, o que eu queria falar é de que nesse discurso de continuar a apertar o cinto se nota que para alguns, os que já o têm largo, ele já começou a alargar.
Senão vejam
[ AQUI ] que "Governo abre a porta a indemnizações mais altas para gestores por cessação de funções".
Realmente o nosso mal é iliteracia e analfabetismo.
Tivesse o Teixeira dos Santos entendido a história do Robin dos Bosques e andaria a roubar aos ricos para dar aos pobres.
Assim…faz tudo ao contrário.



E.

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quinta-feira, 29 de março de 2007

O MÍTICO LORCA NUM LIVRO MAGISTRAL



Obra Poética traduzida por José Bento

Já está nas livrarias a magnífica «Obra Poética» de Federico García Lorca, com tradução, prólogo e notas do nosso grande poeta e tradutor José Bento, que tanto tem contribuído para divulgar entre nós autores de língua castelhana. Distinguido em Dezembro último com o Prémio Luso-Espanhol de Arte e Cultura, José Bento traz-nos mais um nome de «grandeza mítica» da Literatura universal, o frémito do malogrado Lorca, que em Agosto de 1936, com apenas 38 anos, se «tornou um dos símbolos da Espanha martirizada» pela Guerra Civil.

«En la bandera de la libertad bordé el amor más grande de mi vida», escreveu Lorca. Mas o sonho tropeça na realidade e esta sua era de amor e morte, que ele assim pressagiou:
«Eu vi dois meninos loucos

que a chorar empurravam as pupilas de um assassino.


Mas o dois não foi nunca um número

porque é uma angústia e uma sombra,

porque é a guitarra onde o amor se desespera».

Editada pela Relógio D´Água, a presente Antologia é bilingue, com a tradução portuguesa na página contígua do original castelhano, o que permite ao leitor poder envolver-se plenamente com os textos. Aliás, esta é a metodologia das edições bilingues desta editora, que muito aplaudimos, ao invés de outras que trazem o original numa secção à parte.

Verdadeira cartografia histórica e emocional da Guerra Civil de Espanha, a poética de Lorca irradia a grandeza da palavra daquele de quem foi dito ser «mais perigoso com a caneta do que outros com o revólver». Com efeito, a desdita de Lorca foi viver no tempo do franquismo, o tempo da «agonia com flores de terror», das «rosas de enxofre». Sem que a História o explique, Lorca volta a casa, em Granada, ao encontro do centro do conflito. Todavia, as razões desse regresso podem estar na sua poesia:

«Quero descer ao poço,

quero subir aos muros de Granada,

para fitar o coração vazado

pelo buril escuro que há nas águas».

Na madrugada de 18 de Agosto de 1936 era fuzilado. O seu corpo nunca apareceu. Um corpo enterrado num catavento, como ele parece ter previsto:

«Quando eu morrer,

enterrai-me com minha guitarra

debaixo da areia.

Quando eu morrer,

entre as laranjeiras

e a hortelã.

Quando eu morrer,

enterrai-me, se quiserdes,

num catavento.

Quando eu morrer!».

Nos seus poemas e na prosa poética, são feitas inúmeras referências bíblicas com a recriação instigada pelos tempos cruéis que testemunhava, o cruel e «branco muro de Espanha», o desamparo de um «Deus fechado na custódia», como nos extractos que transcrevemos, primeiro da «Degolação de Baptista», a seguir da «Degolação dos inocentes»:

«(…)Por fim venceram os negros. Mas as pessoas tinham a convicção de que ganhariam os vermelhos. A recém-parida tinha um medo terrível do sangue, mas o sangue dançava lentamente com um urso tingido de cinábrio sob suas varandas. Não era possível a existência dos panos brancos, nem era possível a água doce nos vales (…) A degolação foi horripilante. Mas maravilhosamente realizada. A faca era prodigiosa. Ao fim e ao cabo, a carne é sempre pança de rã. Tem que ir-se contra a carne. Tem que levantar-se fábricas de facas. (…) o especialista da degolação (...)conhece o pescoço tenríssimo da perdiz viva. O Baptista estava de joelhos. O degolador era um homem minúsculo. Mas a faca era uma faca. Uma faca chispante, uma faca de chispas com os dentes apertados»;

«(…)Às seis da tarde já não restavam mais que seis meninos por degolar. Os relógios de areia continuavam a sangrar mas já estavam secas todas as feridas.

Todo o sangue estava já cristalizado quando começaram a surgir os candeeiros. Nunca será no muro outra noite igual. Noite de vidros e mãozinhas geladas. Os seios enchiam-se de leite inútil.

O leite maternal e a lua sustentaram a batalha contra o sangue triunfante. Mas o sangue já se apodera dos mármores e ali cravava as suas últimas raízes enlouquecidas.».

No grandioso poema «Cidade sem sono», feito à maneira exaltada e vibrante de Walt Whitman – que também influencia Álvaro de Campos, o futurista, heterónimo de Fernando Pessoa –, Lorca denuncia o tempo de castração e violência e lança o alerta para a necessidade de se estar com os olhos sempre bem abertos:

«(...)

Não dorme ninguém no mundo. Ninguém, ninguém.

Não dorme ninguém.

Há um morto no cemitério mais longínquo

que se queixa três anos

porque tem uma paisagem seca no joelho

e o menino que enterraram esta manhã chorava tanto

que foi preciso chamar os cães para que se calasse.

A vida não é sonho. Alerta! Alerta! Alerta!

Caímos pelas escadas para comer a terra húmida

ou subimos ao gume da neve com o coro das dálias mortas.

Mas não há esquecimento nem sonho:

carne viva. Os beijos atam as bocas

num emaranhado de veias recentes

e a quem dói a sua dor doerá sem descanso

e o que teme a morte tem de levá-la sobre os ombros.

(…)

Alerta! Alerta! Alerta

aos que guardam ainda pegadas de garra e aguaceiro!

Àquele rapaz que chora porque não sabe a invenção da ponte

ou àquele morto que já não tem mais que a cabeça e um sapato,

há que levá-los ao muro onde iguanas e serpentes esperam,

onde espera a dentadura do urso,

onde espera a mão mumificada do menino

e a pele do camelo se eriça com violento calafrio azul.

Não dorme ninguém no céu. Ninguém, ninguém.

Não dorme ninguém.

Mas se alguém fecha os olhos,

acoitai-o, meus filhos, açoitai-o!

Haja um panorama de olhos abertos

E amargas chagas acesas.

Não dorme ninguém no mundo. Ninguém, ninguém.

Já o disse.

Não dorme ninguém.

Mas se alguém de noite tem excesso de musgo nas têmporas,

abri os alçapões para que veja sob a lua

as falsas taças, o veneno e a caveira dos teatros.»


Obra Poética - Federico García Lorca; Relógio D´Água Editores

Teresa Sá Couto
KA


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MAIS DEPRESSA SE APANHA UM MENTIROSO...[parte IV]

Notícias das sarjetas que incomodam o ministro Santos Silva:

Recordamos que a Universidade Independente é a tal onde o Primeiro-Ministro José Sócrates diz ter terminado a licenciatura, num processo nebuloso onde, na altura, trocava correspondência com o próprio Luís Arouca em papel timbrado da secretaria de Estado de que era titular num governo de Guterres, para obter equivalências em diversas disciplinas.Esperemos que isso nada tenha a ver com o alheamento que o ministro Mariano Gago aparentemente usou com o assunto, limitando-se a ordenar à inspecção-geral da tutela
para que desencadeasse «investigações no terreno», enquanto, durante um mês, se desenrolava esta vergonhosa barafunda em mais uma universidade privada.Daí o País estar particularmente atento ao que, de concreto, vai resultar da «advertência» esta semana lançada por Mariano Gago à Universidade Independente.
Aditamento às 13h e 15m.
O noticiário da RTP1 abriu com mais de dez minutos com a grande notícia de um acidente no Rali de Portugal, com alguns feridos. Sem imagens do acidente propriamente dito ( que a TVI apresentou em exclusivo), seguiu depois a falar do jogo de Portugal com a Sérvia. Só ao fim do quarto de hora inicial, deu a notícia, com entrevista de um responsável que alertou para o "perigo do vazio" e para os "oportunismos"...
A SIC e a TVI, abriram com as notícias do caos na Uni, durante mais de dez minutos. A SIC, mencionou o facto de o ministro Mariano Gago, estar a ser criticado pela inoperância, com entrevistas no local e em directo. Notícias de última hora, dão conta de conferência de imprensa para as 18h e 30m, do ministro Gago.

Está aqui o retrato do governo de Portugal, no estado actual: uma RTP atenta e obrigada ao silêncio e um escândalo de proporções enormes que se levanta do horizonte.

Quando foi do caso da Universidade Moderna, o retrato do governo de Portugal era...quase o mesmo!


José

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quarta-feira, 28 de março de 2007

EMPREGOS NO NOSSO ALENTEJO...

"Trabalhei na central, a soldar as placas. Foi muito bom mas agora acabou-se. E é assim que vamos ficando esquecidos, aqui no Alentejo".

Pedro Abrantes,
30 anos,
soldador da Central Solar Fotovoltaica de Serpa

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ONDE JÁ VIMOS IGUAL?


Urbanismo: cancro da democracia

Os Pelouros de Urbanismo das câmaras municipais estão hoje maioritariamente reféns de interesses particulares. De alguns particulares. Principalmente daqueles que financiam a vida partidária e que exigem, com contrapartida, favores da administração. É aqui que está o mais pérfido ovo de serpente da corrupção.

Os Pelouros de Urbanismo deveriam, em primeiro lugar, responsabilizar-se pelo planeamento do território em função do interesse colectivo; competir-lhes-ia, ainda, o licenciamento de obras no respeito da lei e dos regulamentos, nacionais ou locais; e, por último, cabe às autarquias fiscalizar o cumprimento das regras de planeamento e o respeito pelo licenciamento.

Infelizmente, o planeamento submete-se, a maioria das vezes, a interesses privados. Os planos directores mais não são hoje que bolsas de terrenos, ainda por cima bolsas pouco sérias, já que o valor não é intrínseco a cada terreno, mas dependente de quem é o proprietário. Atente-se, por outro lado, nos processos de revisão de PDMs por este país fora; averigúe-se de quem são os terrenos que sofrem alterações de classificação de solos rurais para urbanos, sem o devido fundamento legal. Pasme-se até porque os critérios que poderiam, excepcionalmente, permitir tal operação deveriam ter sido regulamentados há sete anos (sete!). Curiosamente, o sistema foi-se esquecendo de o fazer, permitindo pois todas as arbitrariedades em alterações de classificação de solos; e possibilitando que alguns autarcas mascarem de interesse público os que são afinal os interesses privados dos seus patrocinadores. Interesses de tal monta, que conseguiram subjugar quatro primeiros-ministros, de outros tantos governo do bloco central de interesses. Até hoje.
(…)
Os escândalos que recorrentemente surgem ao nível do ordenamento, do planeamento, do urbanismo, são afinal o corolário lógico deste sistema perverso que aqui descrevo. O caos urbanístico ... mais não são do que a ponta deste iceberg, que é a manipulação urbanística, que abalroa qualquer esperança de desenvolvimento e leva Portugal, irremediavelmente, para o fundo.


Paulo Morais

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terça-feira, 27 de março de 2007

SAÚDE EM MONTARGIL


"Os Verdes" querem mais médicos e meios técnicos em Montargil

O Partido Ecologista "Os Verdes" questionou hoje o Governo sobre a necessidade de melhoria das condições de funcionamento do centro de saúde de Montargil, concelho de Ponte de Sor, com reforço de meios humanos e técnicos

Num requerimento dirigido ao ministro da Saúde, Correia de Campos, a deputada ecologista Heloísa Apolónia considera que o actual serviço prestado no centro de saúde "é manifestamente insuficiente".

Além das "instalações degradadas", segundo a deputada, o centro de saúde de Montargil funciona actualmente apenas com dois médicos, quando já teve o dobro, foi "destituído" de várias valências e tem um serviço de atendimento permanente com um "horário altamente reduzido".

"Estes dados demonstram que o centro de saúde tem perdido qualidade no atendimento e que tem sido fragilizada a resposta relativa a cuidados de saúde à população" de Montargil, num total de quatro mil habitantes, escreve Heloísa Apolónia.

No requerimento, a deputada de "Os Verdes" questiona o governo sobre a sua verdadeira intenção quando "diminui, constante e significativamente, a capacidade de resposta do centro de saúde", em termos de meios humanos e horário de funcionamento.

"Será que a intenção é degradar de tal forma este serviço de saúde para de seguida vir alegar que ele não está a servir adequadamente a população e justificar depois o seu encerramento", pergunta a mesma deputada.

No início deste mês, a população de Montargil protestou, com uma marcha automóvel, contra a redução do horário de funcionamento das urgências e a falta de médicos no centro de saúde.

A iniciativa, que reuniu cerca de 300 pessoas, serviu também para "expressar a revolta popular contra a falta de obras de conservação" na unidade de saúde e para alertar a classe política para a "situação insustentável que se vive em Montargil", segundo António Manuel Teles, porta-voz da Comissão de Utentes.

A mesma comissão exigiu "decisões urgentes", depois de, no início do ano, ter solicitado, por duas vezes, uma audiência ao ministro da Saúde. De ambas as vezes, e até ao momento, não houve resposta.


Lusa

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O PADRINHO

“Don Taveira Pinto recebia os seus clientes de manhã, no seu gabinete da edilidade virado para o tribunal (...).
Abordavam-no levando flores ou outras ofertas, enquanto ele permanecia sentado na secretária de charuto Davidoff na boca.
Alguns procuravam emprego na edilidade. Outros talvez fossem juízes ou agentes da polícia ansiosos por uma transferência, uma promoção, um aumento de salário. Ou podia, ser pessoas suspeitas a precisar de uma licença de uso e porte de arma ou de protecção contra a perseguição da polícia; dirigentes desportivos e associativos em busca de uma posição de influência nalguma comissão; estudantes do ensino secundário ou superior desejosos que lhes fossem perdoadas más notas susceptíveis de ameaçar o seu progresso nos estudos"
(...)
"As reuniões matinais, que se realizaram durante toda a sua carreira política de ... anos, tinha um estilo caracteristicamente desassombrado.
Mas nada havia exclusivamente mafioso, ou siciliano, neste tipo de apadrinhamento e clientelismo na política.
Os mesmos mecanismos básicos funcionam ainda em muitos lugares da Ponte de Sôr, para não falar de outros concelhos em Portugal.
Os votos são trocados por favores: os políticos e funcionários do Estado apropriam-se de bens públicos - empregos, contratos, licenças, pensões, subsídios - e reinvestem-nos a título particular nas suas redes de apoio ou clientelas pessoais"

(...)
"Don Taveira Pinto respondeu ao desafio e dedicou a sua vida a negociar favores"




Francisco

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segunda-feira, 26 de março de 2007

MAS, DOIS ANOS DEPOIS, QUE SOBRA DA LIMPEZA?

José Sócrates encara o seu Governo como a brigada ligeira do seu projecto pessoal para o país. Nada a opor.
Cada ministro pode ser um orgulhoso refém do seu líder.
O ministro responsável pelo pelouro da Ota e afins pode desejar ser um herói capaz de oferecer a sua cabeça à guilhotina popular por um projecto inqualificável.

O ministro que tem o pelouro do fecho de hospitais e centros de saúde pode considerar ser um motivo de orgulho ser promovido a eucalipto oficial do primeiro-ministro para a área.
A ministra com o pelouro do fecho de escolas pode considerar ser um privilégio ser uma devota militante da política de limpeza que lhe foi encomendada.
O Governo pode considerar que o país está em falência técnica e que precisa de uma chicotada psicológica.
A oposição pensa o mesmo.
Os portugueses pensam o mesmo.
Há uma dúvida pertinente em Portugal, pelo menos desde o fim do reinado de D. João II: porque é que Portugal não muda?
Porque todos dizem que querem ser lavandarias e ninguém lava.
Porque todos fingem fazê-lo.
Mas depois cortam por um lado e criar Otas por outro.
Porque limpam o Estado de funcionários e aumentam o poder central.
A contaminação da irresponsabilidade é a sina dos Governos, por mais que digam que estão cá para fazer reformas.
O país continua a só mudar de detergente.
Este Governo é a aldeia da roupa branca de José Sócrates, segundo promove o marketing do líder.
Mas, dois anos depois, que sobra da limpeza?
Uma grande criação publicitária
.

F.S.

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domingo, 25 de março de 2007

MAIS DEPRESSA SE APANHA UM MENTIROSO...[parte III]

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MAIS DEPRESSA SE APANHA UM MENTIROSO...[parte II]

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O 26 º ESTADO DA UNIÃO

A legião dos desempregados continua a crescer na União Europeia e não há politica, recomendação ou iniciativa que lhe ponha um travão.

Em Novembro de 1997 na União Europeia, então apenas 15 países, 18.212.500 dos 385 milhões de cidadãos, 10,8 por cento da população activa europeia estava desempregada. Quase dez anos depois com o alargamento, um estudo datado de Outubro de 2006 colocava a taxa de desemprego nos 25 estados membros, agora com 459 milhões de pessoas nos 8,7 por cento: 39,9 milhões de cidadãos europeus não tinham emprego, numero que os dados “on-line” da Comissão através do Eurostat reduziam para 36,26 milhões (7,9 por cento) em Fevereiro deste ano.

Qualquer que seja o número exacto – 39,9 ou 36,26 milhões de desempregados – a verdade crua é que se consolida cada vez mais um 26º Estado na União Europeia: o dos desempregados.

A última cimeira sobre desemprego na Europa, a Cimeira extraordinária do Luxemburgo sobre o desemprego, exigida por Leonel Jospin antes da assinatura francesa do Pacto de Estabilidade, provou ter siso um fracasso sem ideias e uma política que permitisse criar na Europa a 15, nos cinco anos subsequentes 12 milhões de novos postos de trabalho que colocassem a taxa de desemprego nuns «aceitáveis» sete por cento. Não houve ideias brilhantes, nem poderia haver. O alargamento da União para 25 veio agravar esta situação em termos relativos e absolutos.

Em síntese a Europa há mais de uma década que não consegue desenhar e implementar uma politica de desenvolvimento que permita a criação de mais postos de trabalho que os extintos pelas modificações do sistema económico, as falências, a falta de crescimento, as deslocalizações.

As pequenas e médias empresas encontram cada vez mais dificuldades em se manterem acima da linha de água e quando o conseguem é à custa de reduções de pessoal, de cortes muitas vezes no investimento condenando-se à obsolescência e à morte a prazo certo. As grandes empresas descentralizam-se, não necessariamente para fora da zona europeia mas dentro da zona europeia para países como a Polónia ou a Republica Checa, entre outros, onde as taxas de desemprego têm dois dígitos e os salários são mais baixos.

Não é apenas ao nível dos Estados – Nação que se aprofunda o fosso entre ricos e pobres nem sequer é já um fosso entre Norte e Sul. É um desnivelamento generalizado muitas vezes entre os novos membros e os antigos, e dentro de cada um deles.
Ao número assustados de desempregados na União Europeia deve-se acrescentar o sub emprego, o emprego precário e o falso emprego dos “recibos verdes” ou amarelos e quejandos a que as empresas recorrem para não assumirem compromissos com os seus trabalhadores.

A força de trabalho deixou de ser um activo no ambiente neoliberal que vivemos e aqueles que pensam a contra corrente são marginalizados, apelidados de perigosos comunistas e sempre que possível silenciados. A forma mais torpe de marginalização, a intelectual, tornou-se um instrumento do dia-a-dia para que não haja pensadores livres, perigosos revolucionários e potenciais terroristas. Alguns jornais e alguns jornalistas continuam a resistir por que há sempre alguém que resiste, há sempre um teimoso a dizer não.

O pacto de estabilidade e crescimento está obsoleto, tão obsoleto como os sindicatos. Ambos deviam ser repensados.

Os sindicatos porque se trata não só de defender direitos adquiridos que empresas e Estados procuram cercear, de defender os postos de trabalho existentes – e para isso tem muitas vezes de haver uma flexibilidade que aprofunda o fosso económico entre classes sociais – mas porque se trata de defender globalmente uma transformação que sustenha e diminua o desemprego.

O PEC porque está fora de tom. As premissas da sua assinatura não são válidas. Deixaram de ser válidas com a liberalização, a especulação em torno do preço do petróleo, o abrandamento e estagnação e até crescimento negativo. Pensemos nos 36 a 39 milhões de desempregados da União Europeia como consumidores. Qual é o seu impacto negativo no relançamento do consumo interno? Qual é o impacto negativo nas empresas menos gigantescas? Claro que também existe uma outra face da moeda: o seu impacto positivo na mão-de-obra barata, na facilidade de mudança de trabalhadores, na produção mais barata e na tranquilidade laboral.

O PEC está fora de tom porque os Estados não conseguem responder às necessidades sociais e humanas mínimas dessa legião que, felizmente para muitos, não está organizada numa única estrutura representativa com projecção europeia. É o fim da Europa Social, da Europa de Jacques Delors e de outros que com ele construíram o sonho da União.

Ségolène Royal em campanha põe em causa a estrutura actual do Banco Central Europeu, a formulação actual do PEC. Como há uma década Leonel Jospin ousou fazer. Jospin não conseguiu mudar a Europa, tal como a conhecemos hoje. Os políticos que o tentarem estão sozinhos e condenados. Os seus países por si sós não têm capacidade para mudar o instituído. A Europa não está disposta a mudar. As eleições tornaram-se uma farsa. A democracia uma forma de manter os eleitores e contribuintes iludidos dobre as suas liberdades os seus direitos e as suas garantias. Ninguém elege a Comissão Europeia. Ninguém elege ou nenhum eleito controla o Banco Central Europeu, os Governos eleitos obedecem não aos seus eleitorados mas ao poder económico que lhes financiou as campanhas.
A comparação entre Europa e Estados Unidos é absurda. Os EUA são uma federação, a Europa é uma associação de Estados sem políticas externa, económica, defesa, educação, desenvolvimento, comuns. Mais falsa ainda é a comparação com os EUA de George W. Bush; curiosamente nunca se fazem comparações com os EUA de Bill Clinton. Hoje do outro lado do Atlântico faz-se o mesmo que na Europa: cortam-se as regalias sociais, mas o desenvolvimento é impulsionado pelo próprio Estado, federal ou não. O Estado investe e há desenvolvimento. Os EUA não se preocupam com o défice, mesmo que devessem preocupar-se com o défice excessivo em que se encontram depois do superavite deixado por Bill Clinton.

A Europa corta, especialmente os países mais pobres onde o investimento do Estado é o motor da economia, cortam em tudo. Veja-se o caso português. Até aquilo que está bem é desfeito em função do défice. Governa-se para o défice; existe um complexo de bom aluno que irá conduzir provavelmente o país a um “criado dilecto da Europa”, como receou Mário Soares no encerramento do Congresso Portugal que Futuro?. O país não é pensado. As reuniões partidárias tornaram-se assembleias de rendição, salas de menagem, quando deviam ser ocasiões de crítica, de pensamento de troca de ideias.

Como o “povo é sereno”, diria o falecido Pinheiro de Azevedo, tudo “é só fumaça”. Uma fumaça que não cheira a pólvora nem a queimado. O futebol, os apitos dourados e outras idiotices similares em que o país vive envolvido, em que a Europa se deixou envolver, não assustam ninguém. Aquilo que assusta, só alguns: as operações furacão, são rapidamente abafadas em nome de uma secretiva “estabilidade e segurança” nacionais ou transnacionais.

Do mesmo modo 36 a 39 milhões de desempregados, dispersos por 25 países, sequiosos de alguns dias de trabalho para alimentar a esperança, não assustam ninguém. Não assustam porque ninguém acredita que saiam à rua, porque seguem religiões onde os extremismos não têm lugar. Contudo pode haver um dia; pode sempre haver um dia, em que as manifestações de desagrado num Estado encontrem eco noutro Estado. A estabilidade de que todos gozamos poderia então ficar ameaça pelos terroristas desempregados. Mas para isso temos aí a policia, uma polícia cada vez mais eficiente, mais forte e bem equipada. Mesmo que as Escolas fechem e o Ensino se degrade. Que os Hospitais e Centros de Saúde sejam sacrificados no altar do défice. Há sempre a medicina convencionada.

Pensar livremente a Europa devia ser uma tarefa prioritária. O Velho Continente está a ficar moribundo. Estamos na Era da Ásia, é um facto, mas isso não implica a demissão europeia.


Benjamim Formigo

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sábado, 24 de março de 2007

MAIS DO MESMO...


CORREIO DA MANHÃ

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MAIS UM....


O presidente da Câmara Municipal de Elvas, José Rondão Almeida, foi esta semana constituído arguido na sequência de um processo relacionado com a atribuição em Dezembro de 2002 de um subsídio de cinquenta mil euros a um clube local que na altura devia ao Fisco.
O caso, denunciado por um anónimo, levou ainda o Departamento de Acção e Investigação Penal (DIAP) a constituir como arguido o chefe de divisão financeira da autarquia, Paulo Dias.


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sexta-feira, 23 de março de 2007

ALL PINHO AND SIR ESPADA

Manuel Pinho, extraordinário ministro, revelou a extraordinária ideia que se lhe emergiu, e declarou que, para efeitos de promoção turística, o Algarve vai passar a ser conhecido por All Garve. O alvoroço dos algarvios, que, em tradução literal, ficariam a designar-se de Todos Garvios, associou-se à estupefacção dos linguistas.

Estes, os mais sábios e os mais graves, removeram as maneiras aprazíveis com as quais se apoiam para afirmar coisas importantes,
e comentaram: Este homem não sabe o que diz.

Sabe. Porém, não se dá muito por isso. E, quando por isso se dá, já o andamento vai acelerado. All Garve não é, apenas, uma latejante tolice: é um balúrdio que vai custar. E porquê esse conúbio mal resolvido ent
re o inglês All e a amputação portuguesa Garve?
Despenhado sobre a nossa perturbação, Pinho asseverou que o inglês é a língua de todos. Apoiou-se, certamente, na confusa lista de reclames, anúncios, apelos, sugestões, ofertas e vendas, garatujada por toda a faix
a sul, num portuglês infame, porém patusco.

Manuel Pinho foi o rosto que apareceu a defender a ideia com galhardia.
Com galhardia e vitoriosos sorrisos.
Em primeira e última análise é ele o homem fatal.
Todavia, quem foi o criativo que, esforçado, extraiu o mavioso estribilho, escabichando na meninge a originalidade do conceito e o epílogo no pack shot?

É uma ideia para o século em que vivemos. O futuro contra as destoantes normas do passado. Eis os comentários defensivos, a que a Imprensa deu algum eco. Manuel Pinho nasceu no século XX, mas é homem do XXI. Modestamente, e com perdão da palavra, sugiro ao querido ministro que, reclamando-se das mesmas exigências e com o mesmo talante, altere os nomes, por alheios e cediços às coisas do futuro, e passe a chamar de All Gés, All Cântara, All Fama, All Jezur, rejeitando, veemente, as denominações com mais de mil anos. E, já agora, altere a História, passe uma esponja desdenhosa sobre os três ou quatro episódios que ainda nos são familiares, com a mesma ardorosa simplicidade utilizada para conferir à tolice a majestade das decisões superiores.

No mesmo dia em que eram conhecidas as extraordinárias afirmações do extraordinário ministro, o austero Expresso inseria, nas suas respeitáveis colunas, um artigo, sob o estupendo título
Em Defesa da Câmara dos Lordes, assinado por João Carlos Espada. Num texto sincopado, levemente sentimental e um tanto nostálgico, o articulista lamentava-se do facto de a Câmara dos Lordes passar a ser totalmente eleita, o que não acontecia até agora. Espada, triste, escreve que o funesto acontecimento é muito decepcionante para os admiradores da tradição inglesa da liberdade. Percebe-se um soluço a embargar a voz do comentador. Não se percebe muito bem qual o conceito de democracia e de liberdade defendido pelo Espada.

Espada, que tem por salutar hábito frequentar a Câmara, onde não é tratado por My Lord, incidente pesaroso, considera, aliás, um ligeiro detalhe, de significado medíocre, a inexistência de eleições. É uma das excêntricas peculiaridades que distinguem a liberdade inglesa, adverte. Combatendo, fero e audaz, essa inusitada disposição democrática, Espada ilumina a nossa desconsolada ignorância, comunicando que os pobres lordes não recebem salário, mas têm modestas senhas de presença e um modestíssimo subsídio de transporte. Admite-se, assim, que vão democraticamente almoçar à cantina e que viajam em colectivos e democráticos transportes públicos, embora tenham à disposição um belo bar com vista para o Tamisa, esclarece muito feliz.

Tudo leva a crer que o articulista Espada frequentou, algumas vezes, o amável recinto, bebericando xerez com beatitude e escutando com transporte e unção o verbo eloquente de Sir Karl Popper, amado mestre e amigo. Entretanto, lamenta-se do despropósito: Uma nova Câmara dos Lordes, integralmente eleita, vai trazer vários problemas. Antes de mais, será caríssima, pois vão ter de pagar salários aos novos lordes. Depois, sendo eleita, vai ter de ter novos poderes. Isso será uma complicação adicional na já complicada Constituição britânica - tão complicada que nunca alguém conseguiu escrevê-la.

O pranto estende-se pelo artigo, deixando o leitor desamparado e seriamente aflito com o trágico destino dos setecentos e tal lordes, que já foram mil e duzentos.
Os comovidos frequentadores habituais dos artigos de Espada interrogaram-se: E agora, que será da Inglaterra?
O drama atingia proporções nunca vistas nem sequer adivinhadas.
Telefonemas, SMS, telegramas, circularam de um para outro lado: Que se passa? Que se passa?
Ninguém sabia responder a estas dilemáticas interrogações. Porém, o suspense foi atenuado. Espada, sempre no segredo dos deuses, sempre a beber do fino, atenuou a pesada carga que depusera nos ombros dos seus milhões de leitores. Soltando fundos suspiros de alívio, pressuroso e regozijante, o inadiável Espada escreveu: Correcção final: ainda a tempo, recebo secreta informação de Londres. A votação na Câmara dos Comuns foi a melhor forma de manter a Câmara dos Lordes tal como está (?) Ainda há esperança.

Há? Para quem? Para o Espada?

APOSTILA - A barafunda no CDS começou quando ao nome fundador do partido se juntou o acrónimo PP, subrepticiamente designando Paulo Portas, seu animoso padrinho. Portas é o Portas: um azougue, um arrogante, uma indigestão de sobranceria, um egocêntrico, um megalómano. Portas parece uma bomba desfolhante: pulveriza Monteiro, Freitas, Castro, Maria José, apaga Adriano, Lucas, Amaro. Portas é um estalinista de direita. Portas suprime retratos, extingue a História, elimina o seu Trotski, o seu Bukarine, o seu Kameneve. Portas não tem amigos, apenas dispõe de instantes de amizade. Ninguém o ama nem ele ama ninguém. Ninguém o quer nem ele quer a ninguém. Usa e é usado. Não lega ao futuro um traço fundo: deixa no presente uma baba de caracol. As pessoas a sério não o tomam a sério. É o gozo de um jornalismo vácuo. É a triste figura de um triste tempo. Haverá hesitações de análise sobre a personalidade intelectual, moral, ideológica e política de Maria José Nogueira Pinto e a sombra fugidia de um homem que já foi quase tudo e, rigorosamente, quase nada é?


B.B.

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quinta-feira, 22 de março de 2007

ÁGUA DO CONCELHO DE PONTE DE SÔR, UM PERIGO PARA A SAÚDE DOS SEUS HABITANTES


22 de Março:

Dia Mundial da Água


No concelho de Ponte de Sôr, continua tudo na mesma:

A maioria das captações de água

do concelho de Ponte de Sôr,

apresentam elevados teores de contaminação de

ARSÉNIO e ALUMÍNIO.


O nível do nosso desenvolvimento!

Inquinado



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MAIS DEPRESSA SE APANHA UM MENTIROSO...


Tinha a certeza de que a engenharia não era o meu destino. É o mundo dos pormenores e eu tenho uma inteligência direccionada para o abstracto”José Sócrates, na revista Tabu.

O primeiro-ministro do Governo de Portugal, José Sócrates, referindo-se às notícias sobre o seu percurso académico, lamenta hoje, no Público que se dê espavento a “este tipo de insinuações” que “assume uma dimensão difamatória e caluniosa” e “são veiculadas pelos mesmos meios, sob o anonimato dos blogs ou por jornais de referência no sensacionalismo e no crime. E usam também o mesmo método, limitando-se a levantar suspeitas insidiosas com base em dados falsos”.

O Público, em nota editorial, escreve que não dá à estampa boatos, mas não deve ignorar que eles existem e que a melhor forma de acabar com eles é confirmá-los ou desmenti-los.

O percurso académico de José Sócrates, antes de ser primeiro-ministro, suscita ou não, dúvidas sérias quanto à sua correcção e verdade? Apontar essas dúvidas e questionar directamente o visado ( que exerce o mais alto cargo público, em Portugal, a seguir ao PR), sobre as mesmas, será logo difamação e calúnia?
O Público a escreve, preto no branco: “Há falhas no dossier da licenciatura de Sócrates na Universidade Independente”. Portanto, o que o primeiro-ministro escreve, tem de se contextualizar como um modo de atacar directamente e de modo soez, quem coloca em dúvida aquilo que merece dúvida e por isso faz perguntas. Um primeiro-ministro terá o direito de se eximir a esclarecimentos desse teor? Dito de outro modo, o cidadão comum, está inibido de fazer perguntas sobre o percurso académico de um primeiro-ministro, sob pena de o difamar?
O primeiro conhecido a levantar essas dúvidas e também a procurar esclarecê-las, junto das entidades que o poderiam ter feito, foi o autor do blog Do Portugal Profundo, António Balbino Caldeira, já em 2005.
Ninguém ligou publicamente ao assunto que entretanto passou o prazo de validade blogsoférica.
A retoma do interesse, deu-se com a crise na Universidade Independente e com o perfil académico, encomiástico qb, entregue pelo reitor que afinal já não é mas pode voltar a ser, daquela universidade. Luís Arouca, no mínimo, levantou as suspeitas, ao referir a licenciatura do primeiro-ministro naquela universidade privada, com datas equívocas, e suscitou de novo a curiosidade, no perfil da revista Tabu, do semanário Sol.
Esse perfil, aliás, foi antecedido de intensa actividade de publicidade positiva sobre o primeiro-ministro, na imprensa escrita e na tv, o qual se desdobrou em declarações sobre a sua infência, o seu modo de pensar e até o seu modo de agir com primeiro-ministro. Tudo edulcorado com os mais finos encómios, panegíricos e laudações. Até Vasco Pulido Valente falou em "hagiografia" do primeiro-ministro.
Não deveria ser de estranhar, por isso mesmo, que venham agora a público os pormenores sobre a vida do primeiro ministro, embora do lado que menos lhe agrade. É compreensível mas quem se dá ao trabalho de mostrar a lua da sua vida particular, para óbvias vantagens pessoais, não pode estranhar que a curiosidade vá um pouco mais além do que o visado desejaria.

Assim,quanto às “difamações e calúnias” de que se queixa o primeiro-ministro, seria bom que tivesse um pouco mais de senso comum e se lembrasse dos panegíricos anteriores.

Como remédio para o culto da personalidade em vias de desenvolvimentom, seria bom que aproveitasse para ler alguns postais colocados no blog causa-nossa, da autoria de Vital Moreira, um indefectível do seu governo. Poderia ler, particularmente, um com o título de “diz que é uma espécie de universidade” e ainda outro, com um sumarento conteúdo a propósito da contratação de Santana Lopes, como professor doutor, com convite expresso à intervenção dos serviços inspectivos do Estado, aompanhado de uma ridicularização que José Sócrates nunca experimentou...
Para rematar o estado das insinuações e suspeitas, aliás, nada melhor que repescar um outro postal do mesmo Vital Moreira, sobre a dita universidade:
Por que é que certas universidades privadas procuram a colaboração de jornalistas, incluindo directores de jornais (mesmo fora das áreas de ensino de jornalismo e comunicação)?” E para reforçar o ambiente saudável dos boatos e afins:
Por que é que várias universidades privadas têm entre o seu corpo docente um número tão grande de deputados, ex-deputados e outras personalidades da esfera política? “, perguntava o núncio do governo, em 8.3.2007, sem se dar conta do tiro no pé...

As dúvidas agora amplificadas no artigo do Público, não se resumem, para quem quiser ler e tem acompanhado o assunto das universidades privadas, particularmente a Independente, a meras suspeitas, boatos, calúnias ou difamações. Concentram em si mesmas, todo um caldo de cultura devidamente denunciado por Vital Moreira, num artigo publicado no Público de 13 de Março de 2007.
Aí, de modo bem mais grave e sentido do que todos os artigos em blogs “anónimos”, apodados pelo primeiro-ministro de Portugal como difamadores e caluniadores, dá-se conta do descalabro do ensino superior privado, da sua génese inquinada e lançam-se objectivamente as mais graves suspeitas sobre o modo de funcionamento dessas universidades.
Sobre a U.Independente, conhecendo-se o que já se conhece, alguém duvida disso, ou continuará a achar que são tudo boatos, insinuações e calúnias?
O artigo do Público, aliás, permite só por si, deixar as maiores suspeitas sobre o modo como outros indivíduos aí tiraram as suas licenciaturas.
Em nome da verdade e da transparência, quem é que está disposto a fazer um inquérito, daqueles "rigorosos", sobre esses assuntos?
Quem fez um inquérito parlamentar sobre um assunto tão sério e retumbante como foi o do "envelope 9", deverá estar neste momento, já preparado para o próximo, sobre os cursos superiores na universidade independente. Aposto que teria todo o apoio de Vital Moreira.
Vamos a isso, senhor deputado Ricardo Rodrigues?! Não será mesmo assim, senhor deputado Fernando Rosas?
Ou será que o inquérito ainda acaba em cima dos blogs, seguindo a sugestão em tempos lançada, como quem não quer a coisa, pela senhora deputada Catarina?
Isto da democracia e da liberdade de expressão, é uma chatice, às vezes..


José

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